Hoje falamos de ajuda, participação e colaboração espacial, mas no início estávamos longe disso. A corrida espacial foi toda envolta por um clima tenso durante a Guerra Fria e há 65 anos o satélite Sputnik foi lançado pela União Soviética como o primeiro satélite artificial da Terra a alcançar o espaço.
Guerra Fria: domínio da Terra e do espaço
Na Guerra Fria, União Soviética (URSS) e Estados Unidos nunca travaram, de fato, um combate corpo a corpo entre as duas potências armamentistas, porém, a disputa por aliados passou a ser muito mais do que angariar países parceiros, mas o começo de uma corrida pelo espaço também.
Mais do que mostrar a outra potência que era possível chegar a órbita terrestre, motivos mais ‘obscuros’ também faziam parte do planejamento (como armas de longo alcance e satélites de espionagem).
De acordo com Jonathan McDowell, astrônomo e astrofísico do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics:
“O outro aspecto foi, claro, a corrida para desenvolver o primeiro míssil balístico intercontinental. Os EUA estavam trabalhando no míssil Atlas e os russos estavam trabalhando no RS-7”.
No total foram 18 meses de desenvolvimento para o envio do Sputnik pela iniciativa ‘Ano da Geofísica Internacional’ que reuniu vários países. O projeto significou o fim da não cooperação entre Ocidente e Oriente e envolveu 57 cientistas de diferentes países.
Em 1955, o então presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, propôs uma política chamada de “Céus Abertos”, que consistia na permissão de qualquer nação que quisesse realizar o reconhecimento aéreo.
Na época, a União Soviética negou a proposta e logo depois os EUA anunciaram a intenção de projetarem um satélite junto da iniciativa Ano da Geofísica Internacional.
Sem querer ficar atrás, a URSS mudou de ideia e reconsiderou a proposta. Alguns especialistas afirmam que isso marcou o começo da corrida espacial.
Quando o Sputnik entra na jogada
Depois que a Alemanha nazista desenvolveu o projeto do primeiro míssil balístico guiado de longo alcance da história da humanidade, após o fim da Segunda Guerra Mundial, tanto a URSS quanto os EUA começaram a desenvolver objetos parecidos e ainda mais mortíferos (principalmente com o auxílio de “cientistas-chave” que serviram ao derrotado Terceiro Reich, os nazistas).
O foco era conseguir desenvolver um míssil que atingisse distâncias intercontinentais – já que Rússia e EUA ficam bem distantes. O Sputnik também estava sendo desenvolvido ao mesmo tempo do míssil, em meados de 1957.
Entretanto, o satélite científico só continuaria se os testes do míssil intercontinental dessem certo, o que de fato aconteceu. Aqui se desdobra a grande questão.
Na verdade, a mensagem oculta que a URSS queria passar com o Sputnik era: temos um foguete tão grande que consegue lançar um satélite (mesmo que simples) e, no dia 4 de outubro de 1957, eles conseguiram.
John Logsdon, professor emérito da Elliott School of International Affairs da George Washington University e ex-assessor da NASA, disse em entrevista para a revista Inverse:
“O lançamento do Sputnik demonstrou ao mundo que a União Soviética tinha um foguete capaz de lançar uma ogiva nuclear a longas distâncias”.
Mesmo que cientificamente o satélite não tenha representado tanto para a URSS, foi ele quem fez a corrida espacial continuar, com ambos os países desenvolvendo novas tecnologias espaciais.
Além disso, colocando mais tensão nos EUA sobre uma possível guerra nuclear que, ainda bem, não se concretizou em um período que o mundo “sentava” sobre um número infinitamente maior de bombas nucleares do que temos hoje.
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