A irmã Alphonsine Ciza, uma freira que reside na República Democrática do Congo, passou a última quarta-feira (20), driblando apagões com a hidrelétrica caseira. O véu branco foi coberto por um chapéu de construtor, compondo o traje que a permitiu operar a micro hidrelétrica construída por ela.
A invenção surgiu com o propósito de evitar o sofrimento causado por apagões diários, responsáveis por deixar toda a cidade de Miti sem energia elétrica.
A irmã conta com o apoio de uma equipe de freiras e engenheiros trabalhando em período integral na lubrificação das máquinas e análise dos mostradores de um gerador alimentado por um reservatório nas proximidades.
Desta forma, todo o convento, uma igreja, duas escolas e uma clínica são iluminados gratuitamente.
Sem esta usina administrada pela freira, os frequentes apagões fariam com que os moradores da cidade tivessem eletricidade apenas dois ou três dias na semana, e somente por algumas horas durante o dia, tornando a situação bem escassa e precária.
“Nós, irmãs, não podemos funcionar assim porque temos que prestar muitos serviços”, disse Ciza, de 55 anos de idade.
Apagões são uma realidade no Congo
Os apagões já fazem parte da rotina de toda a República Democrática do Congo, um país situado na África Central com cerca de 90 milhões de habitantes.
No Congo, a maior parte da eletricidade distribuída entre a população provém de um sistema hidrelétrico degradado e mal administrado.
Neste sentido, o governo se empenha em um trabalho com a parceria de estrangeiros para ampliar a capacidade de energia da rede que enfrenta dificuldades mesmo se tratando de um país rico em minerais.
Alguns críticos alegam que os novos projetos em trâmite focam apenas em alimentar as minas enquanto exporta eletricidade para vários países vizinhos.
Este sistema já recebeu milhões de dólares de financiamento em doação, ainda assim, somente 20% da população do Congo possui acesso à eletricidade, de acordo com o Banco Mundial.
Criação de hidrelétrica caseira
Justamente devido à situação cada vez mais precária, contrariando a demanda e necessidades da população, a freira Ciza começou a arrecadar dinheiro em 2015 para a construção da usina hidrelétrica caseira, para acabar com a dependência da luz de velas e geradores com alto custo movidos a combustível.
A irmã conta ter adquirido essas habilidades com uma outra jovem freira, e agora as replica consertando falhas elétricas por todo o convento. Sua curiosidade teve o poder de convencer os superiores a enviá-la para estudar engenharia mecânica.
Com a ajuda de todos os membros do convento, Ciza levou três anos para poupar US$ 297 mil que foram investidos na construção da usina, que hoje, gera entre 0,05 e 0,1 MW.
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