A Amazon anunciou que estará encerrando as operações de sua loja digital de e-books, Kindle, na China a partir do ano que vem. A empresa agora entra para a lista de empresas ocidentais que estão caindo fora do país, antes dela foram a Airbnb, Yahoo e até o LinkedIn.
Toda essa vazão de empresas parece ser resultado de um aumento considerável no controle das autoridades locais sobre a questão da privacidade, dificultando a implementação das políticas próprias das empresas sobre o seu negócio.
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A Amazon fez o anúncio em seu perfil oficial da Weibo, uma rede social chinesa parecida com o Twitter. Lá a empresa informou que a vendas de livros digitais, assim como serviços relacionados, será interrompida em mais ou menos um ano, no dia 30 de junho de 2023.
Entretanto, a empresa não deu detalhes sobre os motivos que a levaram a tomar tal decisão.
“Hoje anunciamos o ajuste dos negócios relacionados ao Kindle na China, mas o compromisso de desenvolvimento de longo prazo da Amazon na China não mudará. Como uma empresa global, não importa em que país ou região estejamos, continuaremos a avaliar o layout do negócio local”, disse um porta-voz da Amazon.
Amazon e Kindle na China
Esse não é o primeiro “fracasso” da Amazon no país. Em 2019 a empresa se viu forçada a fechar sua plataforma de vendas online devido à forte concorrência de empresas já estabelecidas localmente, como a Alibaba e JD.com.
Já a loja digital da Kindle chegou até a superar as expectativas, vendendo milhões de seus livros digitais por lá e contrariando as expectativas de Liu Qiang Dong, fundador da JD.com, que em 2011 disse em uma entrevista que o serviço não teria sucesso no país.
O funcionamento da loja digital de livros na China sempre foi bem diferente da forma como é feito em outros lugares do mundo. Já de cara, a Kindle sempre trabalhou com um número bem pequeno de títulos estrangeiros, ação necessária para ficar dentro das regras do país que valoriza conteúdo produzido estatalmente.
“Se você olhar para as listas de best-sellers em 90% do mundo, os e-books são equivalentes às versões digitalizadas dos livros tradicionais. Na China, no entanto, livros publicados tradicionalmente, conteúdos de vídeo de formato mais longo, para TV e filmes, não são muito interessantes porque a maioria deles vem de editoras estatais ou de produtoras de conteúdo que são limitadas nos tópicos que podem cobrir ”, disse um especialista chinês que preferiu não se identificar.
Mesmo encerrando a loja digital da Kindle no país, a Amazon afirmou estar ajustando seu foco estratégico no mercado chinês e vai manter as outras linhas de negócio por lá — comércio eletrônico transfronteiriço, publicidade, tecnologia de nuvem, hardware, etc.
No momento a empresa tem escritórios em uma dúzia de cidades chinesas e conta com mais de 10.000 funcionários.
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