Hugo Cruz, Autor em BIT magazine

Montar uma casa inteligente, embora seja o sonho de muitos, não é uma tarefa nada fácil. O principal problema é a escolha dos dispositivos que vão fazer parte da sua casa, incluindo o hub central responsável por controlar cada um deles. É aí que entra o Matter. Matter: conheça no novo protocolo que vai facilitar sua vida na hora de montar uma casa inteligente - Imagem: Hugo Cruz / Bit Magazine Incompatibilidade entre os dispositivos inteligentes O mercado das casas inteligentes tem crescido bastante na última década, mas esse crescimento desordenado tem sem preço. Cada empresa trabalha em suas próprias tecnologias sem se importar com as outras e isso trouxe um problema grave, a incompatibilidade entre dispositivos. Os dispositivos inteligentes, na verdade, são bem menos comunicativos do que aparentam. Eles não só não se comunicam com produtos de outras empresas como ainda não são compatíveis com qualquer hub. Por exemplo, ao comprar um aspirador de pó inteligente é necessário primeiro verificar se sua Alexa, considerando que você tenha uma, vai ser compatível com ele. Isso acontece porque os dispositivos podem usar diversos protocolos para funcionar. Você pode pensar em protocolos como a linguagem dos aparelhos, e como não há um padrão estabelecido, os aparelhos não conseguem se entender. O que é o Matter? Eis que surge o Matter, um protocolo que serve como um super tradutor de linguagens que vai tornar possível conectar dispositivos inteligentes que usam diferentes protocolos. Ele foi desenvolvido com base no Wi-Fi, Bluetooth LE, Zigbee e Thread, por um conjunto de mais de 200 empresas, incluindo nomes como a Apple e o Google. Mesmo assim, ele é de código aberto, então, qualquer um pode usar. O objetivo final é eliminar a necessidade de ter que utilizar vários aplicativos para controlar os dispositivos inteligentes da sua casa. Com um simples hub equipado com o Matter o usuário poderia conectar e controlar todos os dispositivos na sua rede, independentemente da marca. Isso quer dizer que as empresas podem continuar trabalhando do mesmo jeito que fazem agora, só adicionando suporte ao Matter, caso queiram. Isso também quer dizer que elas não precisam mais se preocupar em qual protocolo escolher. Segurança e disponibilidade Embora o Matter use o Wi-Fi para se conectar, ele não expõe sua casa à internet. Toda conexão do protocolo é feita através da rede local do seu roteador. É claro que se você quiser, é possível utilizar um dispositivo controlador com suporte ao Matter para levar essa conexão à nuvem, fazendo conexão remota, por exemplo. Segurança é uma parte importante do projeto, que teve que passar por diversas certificações para garantir que os usuários não acabassem tendo seus dispositivos expostos sem seu consentimento. O protocolo ainda está na sua primeira versão e por agora está limitado a uma série de dispositivos, incluindo os de mídia como TVs, além de fechaduras, lâmpadas, persianas, plugues e sensores. Câmeras de segurança, aspiradores de pó e outros dispositivos serão suportados nas próximas atualizações. Enquanto os dispositivos fabricados daqui para frente já devem vir com suporte ao Matter, os dispositivos que já estão no mercado devem ser atualizados pelas fabricantes com o protocolo. Em alguns casos, só os bridges e hubs que se conectam aos dispositivos precisam ter suporte ao Matter. Dispositivos fabricados pela Apple, Google e Amazon já vão funcionar normalmente com essa primeira versão do protocolo Vale a pena mencionar que, embora fique mais fácil escolher dispositivos inteligentes a partir de agora, já que um único dispositivo como a Alexa vai poder controlar todos os seus gadgets, em alguns casos nem todas as funções ficarão disponíveis, pelo menos no início. O desenvolvimento do Matter começou em 2019 e sofreu com vários atrasos no seu lançamento, que era para acontecer primeiro em 2020. Isso mostra o quão desafiante foi criar a tecnologia. Fontes: CSA, The Verge

Hugo Cruz

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