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Ciência brasileira perdeu fortuna bilionária durante o governo Bolsonaro

criptomoeda criada para apoiar Bolsonaro

Bolsonaro (Imagem: Reprodução / Instagram )

Uma pesquisa do Observatório do Conhecimento com a Frente Parlamentar Mista da Educação aponta que trabalhos importantes da ciência e tecnologia sofreram uma redução de quase R$ 100 milhões de 2014 até 2021, devido cortes do governo atual do presidente Jair Bolsonaro.

Imagem: Pexels

“O orçamento apresenta uma trajetória decrescente nos últimos sete anos. A intencionalidade desta trajetória é descrita pelas despesas discricionárias. Estas correspondem àquelas despesas em que o governo tem uma maior decisão alocativa. Para se ter uma noção, todos os gastos da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2021 somaram cerca de R$ 3,3 bilhões”,  detalha a análise.

Segundo os pesquisadores envolvidos, os R$ 100 bilhões teriam sido capazes de manter 665 mil bolsistas de mestrado recebendo em todos os 12 meses durante esses 7 anos. O estudo foi feito a partir do Orçamento Geral da União com os valores referentes ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, Ministério da Educação e às Programações Condicionadas à Aprovação Legislativa, particularmente importantes em 2021, considerando os dados de 2014 e 2021.

Com isso, trabalhos importantes têm sido prejudicados, como um dos grandes projetos mais inovadores do país, o acelerador de partículas Sirius, cuja tecnologia é dominada por apenas três países.

O corte orçamentário foi de 71% apenas no ano passado, colocando em risco o pioneirismo brasileiro nos estudos sobre a luz de síncotron, que é um tipo de radiação que ajuda revelar estruturas de diversos tipos de partículas, orgânicas e inorgânicas, com múltiplas aplicações científicas, na medicina, biologia, agricultura, entre outros setores.

Só em 2014, o Brasil teve R$ 27,8 bi para o ensino superio, nas áreas de pesquisa e inovação, nomeado por Orçamento do Conhecimento.  Caso o valor permanecesse o mesmo até este ano, o investimento atual seria de quase R$ 100 bi a mais do que aportou nesses sete anos.

“Estamos vendo o desalento de uma geração de alunos da graduação e da pós que estão deixando a vida acadêmica entendendo que o país vira as costas para a educação”, declarou a vice-presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Adufrj) e Coordenadora do Observatório do Conhecimento, Mayra Goulart.

A doutoranda em Economia pela UFRJ, Julia Bustamante Silva, uma das autoras do levantamento, disse que as perdas a longo prazo ainda serão reavaliadas: “Esse investimento é uma estratégia de desenvolvimento nacional comprovada por vários países para a saída de crises financeiras e geração de novos empregos”, explicou.

“Sem reajuste das bolsas, os pesquisadores estão precisando compatibilizar seu estudo com subempregos. Isso causa um impacto considerável. Só a recomposição da perda inflacionária das bolsas já seria um esforço importante. Os pesquisadores deixam seus estudos porque não têm bolsa nem financiamento para as suas pesquisas, em universidades degradadas, sem luz, nem banheiro funcionando. Perdemos um ambiente que acolhe esses alunos e estimula a continuar estudando”, detalha Goulart.

Bolsistas de mestrados e doutorados terão a “bolsa congelada” por nove anos

Os impactos são tão altos que os mestrandos e doutorandos bolsistas recebem, via Capes ou CNPq, auxílio de R$ 1,5 mil e R$ 2,2, mil, respectivamente, mas valores estão congelados há nove anos, considerando a inflação do período atual.

“Desde 2020, três mil pesquisadores deixaram o Brasil. Esse é um número muito alto. O Brasil investe nessas pessoas e acaba financiando o desenvolvimento de países ricos que atraem essas pessoas depois do doutorado deles”, lamenta o deputado Professor Israel (PSB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação (FPME).

 

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