Atravessando o limite entre o comercial e o moral. Tribunal suspende construção de sede Amazon em terra sagrada na África. Caso se passa na África do Sul e o judiciário solicitou a suspensão das construções até que sejam feitas consultas públicas aos povos da região.
Sede da Amazon é suspensa por tribunal na África do Sul
As empresas compram terrenos para expandir seus negócios, seus depósitos ou suas fábricas, muitas vezes, sem considerar o aspecto sócio cultural da região. A Juíza, Patrícia Golias, mandou suspender a construção de um projeto da Amazon com o valor aproximado de 270 milhões de dólares para sua sede na Cidade do Cabo.
A decisão da magistrada, conforme noticiado pela CNN, pretende escutar os habitantes da região e fazer uma “consulta adequada e significativa”, com as etnias Khoi e San. Os dois povos já vivem na região há milhares de anos, tendo sido muito importantes historicamente para manutenção do que hoje é a África do Sul.
Segundo o portal americano, a decisão judicial afirmava o significado da região para ambas as etnias:
“Os povos Khoi e San habitam a África do Sul há milhares de anos. O desenvolvimento residencial e comercial está sendo feito na confluência de dois rios, perto de terras de pastagem que sediaram cerimônias e onde os indígenas lutaram contra invasores europeus.”
Tribunal suspende construção de sede Amazon e atrapalha a geração de empregos
A Liesbeek Leisure Properties Trust (LLPT), empresa que estava gerenciando o projeto da sede africana da Amazon, em comunicado publicado pela CNN, se diz decepcionada, pois o objetivo da construção era tentar ajudar o povo da Cidade do Cabo.
A empresa havia afirmado, anteriormente, que o projeto “impulsionaria a economia e as pessoas da Cidade do Cabo” e criaria mais de 6.000 empregos. Isso de fato seria muito importante, pois a África do Sul — assim como outros países ao redor do mundo — estão com taxas elevadíssimas de desemprego, “de quase 35%”, segundo a CNN.
Entendendo a necessidade, mas respeitando os indígenas
Tribunal suspende construção de sede Amazon não por acaso, Patrícia Golias, também em sua decisão, reiterou que a suspensão não deve ser vista com maus olhos, sendo apenas uma forma de equilíbrio entre respeito e necessidade econômica.
“O fato de o desenvolvimento ter benefícios econômicos, infraestruturais e públicos substanciais nunca pode substituir os direitos fundamentais dos povos das Primeiras Nações”
Resta esperar a consulta pública para equilibrar interesses, aguardar alguma mudança na abordagem estratégica da Amazon ou a definição sobre a retirada do projeto da cidade, o que não beneficiaria nenhum dos lados.
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