Em relatório enviado para a Securities and Exchange Comission (SEC), órgão que fiscaliza e regula o setor financeiro nos EUA, o grupo Meta se envolveu em boatos de que poderia sair da da Europa. A decisão aconteceria se o conglomerado não conseguisse continuar transferindo os dados dos usuários para território norte-americano. A empresa, contudo, emitiu um comunicado afirmando que não tem “absolutamente nenhum desejo” de tirar suas redes sociais do ar no continente.
Autoridades reguladoras na Europa estão reformulando as regras para transferência de dados europeus através do Atlântico após o Tribunal de Justiça Europeu anular, em julho de 2020, o acordo do Escudo de Proteção da Privacidade, celebrado com os EUA.
Segundo a Meta outras 70 empresas europeias e norte-americanas também identificaram um risco comercial decorrente da nova lei. De acordo com empresa fundada por Mark Zuckerberg, os mecanismos de transferências de dados “representam uma ameaça à nossa capacidade de atender aos consumidores europeus e operar nossos negócios na Europa”.
Leia também: “Meta Slave”: Projeto NFT é renomeado após acusações de racismo
“Não temos absolutamente nenhum desejo de nos retirar da Europa; claro que não. Mas a simples realidade é que a Meta, como muitas outras empresas, organizações e serviços, depende de transferências de dados entre a UE e os EUA para operar nossos serviços globais”, garantiu a Meta. “Assim como todas as empresas de capital aberto, nós somos legalmente obrigados a divulgar riscos materiais aos nossos investidores”, apontou o comunicado.
Apoio inesperado para sair da Europa
A Meta recebeu críticas de Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, e de Bruno Le Maire, ministro das Finanças da França, que acreditam que a saída da empresa seria ótima para a Europa.
Habeck disse que “tem passado muito bem” nos últimos 4 anos, sem Twitter ou Facebook, desde que suas contas originais foram hackeadas, e acrescentou que sua vida tem sido “fantástica”. Le Maire endossou o discurso, dizendo o seguinte:
“Eu posso confirmar que a vida sem Facebook é ótima, e que nós (a Europa) ficaremos muito melhor sem ele (…). As gigantes digitais devem entender que o continente europeu irá resistir e afirmar sua soberania.”
Uma decisão da Corte de Justiça da União Europeia encerrou o antigo acordo de cooperação e transferência de dados entre UE e EUA, também conhecido como Privacy Shield, alegando insegurança de como os dados dos europeus eram tratados pelas companhias tech norte-americanas e determinando que os mesmos passassem a acontecer no continente.
Leia também: Meta fará campanha gigantesca para emplacar WhatsApp nos EUA
Meta usa comunicado para causar pânico
Fica claro que a intenção do Meta é causar pânico em todo o continente europeu, jogando com a histeria por parte da população ávida por continuar a usar o Facebook e o Instagram. A avaliação é que a mensagem foi uma espécie de pressão para os reguladores do continente aprovarem um novo acordo de transferência de dados e não arrumarem dores de cabeça com o público. E, claro, arriscarem perder votos nas próximas eleições.
Em entrevista à Bloomberg, um porta-voz da Comissão Europeia sobre o assunto disse que as negociações se intensificaram nos últimos meses, mas que elas “levam tempo, dada também a complexidade das questões discutidas e a necessidade de encontrar um equilíbrio entre privacidade e segurança nacional”.
Agora só nos resta aguardar a decisão da Meta se as tentativas de acordo não derem resultado algum. Ela abrirá mão de milhões de usuários ou irá se submeter as exigências do continente europeu?
Será que a empresa terá a coragem de “meter o louco” como o Google já fez com a Espanha retirando o Google News do ar e derrubando os sites de notícias espanhóis?
O que você achou? Siga @bitmagazineoficial no Instagram para ver mais e deixar seu comentário clicando aqui