Não é conspiração? Estes aplicativos escutam mesmo o que você fala
Te pergunto, os aplicativos escutam? Vamos dar um mergulho no que é real e os mitos sobre espionagem das Big Techs na internet.
Essa dúvida já passou por diversas mentes dos usuários e discussões na internet. O que pensar, é uma realidade ou não passa de teoria da conspiração? Vamos tentar entender um pouco se aplicativos escutam o que você fala, quais são seus objetivos e se você está mesmo correndo perigo de ficar exposto.
O livre acesso aos microfones
Quando assinamos os termos de responsabilidade e liberação de acesso à informação de apps (muitas vezes sem ler), esse é um quesito que pode estar descrito no termo.
Obviamente, como forma de se resguardar, a empresa em questão vai te perguntar se você permite que ela tenha acesso ao seu microfone para utilizá-lo na tentativa de melhorar sua experiência com o produto.
Isso não quer dizer que o seu smartphone ou outro dispositivo funcionará 24h como uma ferramenta espiã. Normalmente, segundo os termos e legislações, tudo ficará restrito a possibilidade de acesso caso o usuário queira utilizar algum recurso de voz, vídeo, etc.
Aplicativos escutam o que você fala, mas por qual motivo?
Como falamos acima, os motivos que podemos ter alguma empatia são as melhores intenções. Enquanto não se provou nada concretamente sobre o mau uso da captação de áudio, o restante acaba sendo pura especulação.
Existem diversos aplicativos que utilizam essa liberdade do microfone para escutar o que você diz, mas geralmente eles funcionam para serem ativados por comandos de voz, como as assistentes virtuais.
Outra situação em que é solicitada a permissão pode ser em aplicativos ou redes sociais que trabalham a gravação de vídeos e esses precisam de áudio. Então, a permissão serve para acionar o microfone assim que o usuário der início a criação de algum conteúdo.
Empresas com a política de acessar os microfones
As empresas escutam o que você fala sim e são inúmeras atualmente, mas podemos ficar nos dois maiores exemplos e alvos das teorias de conspiração: Google e Facebook.
O Google por ser uma gigante dos anúncios, sempre foi acusado de deixar ligado o microfone dos usuários a todo tempo para segmentar anúncios.
A empresa sempre negou e segundo diversas declarações feitas na imprensa, ela diz que não utiliza o áudio dos usuários para direcionar publicidade, somente para melhorar o funcionamento do seu assistente de voz. Identificar tons, jeitos de fala, e demais características visando uma melhor experiência do usuário.
O Facebook chegou a ser questionado sobre isso no senado americano há alguns anos. Na época, estava explodindo o escândalo da Cambridge Analytica com a invasão e roubo de dados e comportamentos dos usuários para manipulação eleitoral.
Mark Zuckerberg, dono e porta-voz da empresa, foi enfático ao refutar todas essas acusações. Na ocasião, ele deixou claro que as intenções da empresa eram somente facilitar processos caso o usuário pretendesse criar algum conteúdo de vídeo na plataforma.
Podemos lembrar que o grupo Meta é dono do Facebook, Instagram e WhatsApp, então essa declaração serviria para todas as ferramentas.
Aplicativos escutam: muitas especulações e poucas comprovações
O que acontece é que todos nós, ao menos alguma vez, já passamos por situações inusitadas com nossos aparelhos celulares.
Não é difícil encontrar pessoas que afirmaram estarem conversando sobre determinado assunto ao lado dos amigos e ao abrir o smartphone se depararam com anúncios específicos do conteúdo da conversa privada.
Tudo isso pode não passar de uma espécie de viés de confirmação. Falamos sobre tantas coisas ao lado de nossos aparelhos que uma de fato pode acabar “casando”. Fora que estamos sempre navegando curiosamente e fazendo pesquisas, fornecendo muito mais dados sobre nós do que uma possível espionagem.
Aplicativos escutam: a experiência brasileira
O interessante é que nada nunca foi provado, mas inclusive já tiveram movimentos na internet brasileira tentando averiguar isso, como foi o caso do Cumbucagate, criado pelo pessoal da B9 que faz o podcast Braincast.
O caso relatado por eles é bem nessa linha, uma conversa aleatória que em poucos dias fez chover anúncios segmentados para a palavra “Cumbuca”. A partir desse momento, diversos outros internautas começaram a fazer testes e compartilhar os seus resultados.
Nada foi comprovado sobre a falta de segurança dos dados, mas seria no mínimo curioso se tudo que se fala no seu microfone fosse registrado para fins comerciais e segmentação publicitária. Uma coisa é certa, os aplicativos escutam e você aceita os termos dessas empresas liberando o uso do microfone, as teorias da conspiração são sobre o que elas fazem com isso.
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Leandro Kovacs é jornalista e radialista. Trabalhou com edição audiovisual e foi gestor de programação em emissoras como TV Brasil e RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná. Atuou como redator no Tecnoblog entre 2020 e 2022, escrevendo artigos explicativos sobre softwares, cibersegurança e jogos. Desde então, atua como editor no Grupo Gridmidia.