Em uma medida cautelar, publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Netflix e o Globoplay tirem o filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, de Danilo Gentili, do ar. As produções, contudo, continuam sendo exibidas nas plataformas de streaming.
Também foram citadas outras plataformas, como YouTube, AppleTV e a Amazon Prime Video, que terão que pagar uma multa com valor de soma diária de R$50 mil caso não retirem o longa baseado no livro homônimo do humorista e apresentador do SBT.
“O Globopay e o Telecine estão atentos às críticas de indivíduos e famílias que consideraram inadequados ou de mau gosto trechos do filme ‘Como se tornar o pior aluno da escola’ mas entendem que a decisão administrativa do ministério da Justiça de mandar suspender a sua disponibilização é censura”, declarou o streaming da Globo.
O filme já vinha sendo alvo de inúmeras críticas nas redes sociais, que vinham, em sua maioria, por parte de políticos e autoridades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro.
Isso porque os deputados federais André Fernandes (PL) e Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP) compartilharam um trecho do filme, editado, e alegaram que se tratava de uma obra onde era feita “apologia” à corrupção de menores.
Filme de Danilo Gentili foi editado nas redes sociais
No trecho extraído pelo deputado, é mostrado um personagem interpretado pelo ator e humorista Fábio Porchat, tentando fazer com que dois adolescentes tenham relações íntimas com ele. Entretanto, os deputados retiram do vídeo a parte onde os adolescentes fogem do homem após receberem o convite.
Mesmo Porchat afirmando que seu personagem se trata do vilão da história e que por tanto não há nenhum tipo de apologia, o ministério utilizou como justificativa para a aplicação da medida a “necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista”.
Após a determinação, vários apoiadores do presidente foram às redes sociais comemorar – incluindo Anderson Torres, ministro da pasta.
Ministério da Justiça já havia determinado a classificação indicativa do filme de 2017
O filme, diferente do livro que é indicado apenas para maiores de idade, foi classificado por uma comissão do próprio Ministério da Justiça como livre para maiores de 14 anos. Isso porque segundo a comissão a produção tinha um “contexto cômico e caricato”.
A Netflix ainda não se manifestou sobre o caso, mas vale lembrar que o longa foi lançado em 2017. Na época, até mesmo o deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PL-SP), um dos responsáveis pelas atuais críticas, comentou parabenizando Danilo Gentili (a postagem foi apagada e o deputado disse não se lembrar da cena).
Gentili, por sua vez, rebateu as críticas. O apresentador tem alegado ser vítima de perseguição política e comemorado o fato de o filme passar a figurar entre os mais assistidos da Netflix.
“O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista. Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento vieram fortes contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo”, disse Danilo Gentili, após os ataques ao filme.
E você? De que lado está nessa história?
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