Um diamante encontrado recentemente em Botswana, na África, dá pistas muito interessantes sobre o manto terrestre. O motivo? Ele estava em um ambiente rico em água, a mais de 600 km de profundidade!
O segredo está nos componentes que constituem o diamante. Há traços de ringwoodita, ferropericlase, enstatita e outros minerais em sua composição.
Segundo a cientista Tingting Gu, líder da pesquisa que atua no Instituto Gemológico de Nova York, a presença de ringwoodita “indica um ambiente úmido”.
Os “minerais hidratados” que compõem o diamante, indicam que ele estava no que os cientistas chamam de manto transicional. Esta região fica entre os mantos superior e inferior da Terra.
O que isso significa?
A presença de água em uma camada tão profunda da Terra pode ajudar os cientistas a entenderem melhor certos fenômenos geológicos que acontecem em nosso planeta.
Pense que a crosta terrestre não é plana e contínua. Ela é repleta de falhas, fissuras e reentrâncias. Quando se movem, as placas tectônicas criam as chamadas “zonas de subducção”, áreas por onde a água dos oceanos pode “escorrer” para as camadas mais profundas da Terra.
Aí começa um processo conhecido como “ciclo profundo da água”. A água que um dia desceu, volta a subir, graças às atividades vulcânicas e sísmicas que ocorrem no interior do planeta. Há muito pouco estudo sobre o funcionamento deste ciclo.
A existência de água, centenas de quilômetros abaixo de nós, já era conhecida. Porém, a composição do diamante encontrado em Botswana dá indícios de que o manto transicional possui muito mais água do que os cientistas pensavam.
Com essa informação, a ciência pode entender melhor as atividades vulcânicas do planeta. Por exemplo, quanto mais água, mais potente (e devastadora) pode ser a potência de uma erupção vulcânica.
O diamante traz novas perspectivas para a ciência
É muto difícil para o homem chegar até pontos tão profundos para estudar de perto estes ambientes e seus mistérios. Existem toneladas de terra, minérios e outros componentes no caminho “para baixo”. Isso para não mencionar a pressão esmagadora.
Só para você ter uma ideia, a Fossa das Marianas (ponto mais profundo de nossos oceanos) tem “apenas” 10 quilômetros de profundidade. Quando falamos do manto transicional, estamos falando de algo que está 60x mais abaixo do que o ponto mais profundo do oceano!
Como não podemos descer até lá para “ver” a água, indícios como o diamante de Botswana servem como referências de que ela está lá. Com base nisso, podemos entender melhor o funcionamento do planeta.
Com informações: Science Alert
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