Engana-se quem pensa que a hibernação é um estado exclusivo dos animais durante o inverno. A prática também pode ser adotada por astronautas quando necessário. Um exemplo é a embarcação em qualquer tipo de viagem espacial de longa distância.
Considera-se por longa distância, qualquer viagem que vai além do sistema solar ou do sistema Terra-Lua. Contudo, os cientistas têm feito sérios questionamentos a respeito da possibilidade de submeter os humanos à hibernação.
Neste sentido, um estudo realizado pelo ecologista da Universidade Austral do Chile, Roberto Nespolo, em parceria com os colegas Carlos Mejias e Francisco Bozinovic, investiga a possibilidade de hibernação dos astronautas enquanto analisavam os benefícios que este estado intenso de sono concede aos animais.
O que diz o estudo sobre hibernação de astronautas?
Com este estudo, a intenção era que uma futura viagem espacial de, aproximadamente, 120 anos, na qual um astronauta sob estado de hibernação é despertado acidentalmente por um computador a bordo.
É neste momento que o astronauta enfrenta uma difícil decisão, pois a partir de agora o metabolismo é significativamente maior do que os demais tripulantes adormecidos. Os outros apenas estarão condenados à fome, correndo o risco de acabar com o estoque de comida a bordo de uma só vez.
Com base nas reduções de energia observadas em pequenos mamíferos que têm o hábito de hibernar, o estudo conseguiu identificar que o astronauta acordado seria capaz de consumir a energia de 50 humanos em hibernação em um único dia.
Nota-se um cenário nitidamente estressante, embora outros problemas possam impedir a hibernação dos astronautas. Isso quer dizer que os humanos são grandes demais para esta prática. Por exemplo, um astronauta de 70 kg hibernando pode ter um gasto de energia de 250 quilojoules por dia.
Neste ritmo, seria possível gastar 6,3 gramas de gordura por dia ou 2,2 quilos por ano. Na hipótese de um astronauta hibernar durante uma viagem de 90 anos, ele precisaria obter 204 quilos de gordura – peso correspondente a um IMC superior a 50 para um astronauta de, pelo menos, 1,80 m de altura. Ou seja, existe um problema claro de armazenamento de combustível natural.
Esclarecimento dos especialistas
O ecologista Roberto Nespolo explicou que determinados animais, com exceção dos ursos, são capazes de hibernar durante o inverno e outros não.
Na atividade, pequenos animais necessitam gastar uma energia maior para manter a temperatura corporal constante, tendo em vista que estamos reduzidos, o calor é dissipado a uma taxa superior porque o fator superfície-volume é maior.
“Mas como descobrimos, no torpor, o consumo de energia por grama de animal é constante em qualquer tamanho. Os seres humanos são simplesmente muito grandes, então os benefícios da hibernação são pequenos como nos ursos se pensarmos apenas na economia de energia”, explicou.
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