Em nova pesquisa a pedido do iFood, entregadores estariam trabalhando mais de 10h por dia para conseguir segurar as pontas no fim do mês.
Resultados contraditórios
Nesta terça-feira (09), a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Aplicativos, escutou o presidente do Instituto Locomotiva (Locomotiva Consultoria, Marketing e Negócios Emergentes), Renato Meirelles.
Contratada pelo próprio iFood, o Instituto Locomotiva realizou uma pesquisa interna que mostrou que 49% dos entregadores trabalham mais de 10h por dia – 32% ficam logados de 10h a 12h, enquanto 17% têm jornada superior a 12h.
Os resultados contradizem parte das informações apresentadas pelo diretor de Relações Institucionais, Políticas Públicas e Relações Governamentais do iFood, João Sabino de Freitas, em dezembro de 2021.
Na época, Freitas informou que 70% dos entregadores passam menos de 60 horas por mês logados na plataforma (uma média de 2h por dia, se essa pessoa trabalhar cinco dias por semana), o que difere – e muito – dos resultados obtidos pela pesquisa.
Aliás, segundo o novo relatório, essas informações foram escondidas pelo representante do iFood na ocasião.
De acordo com Meirelles – representando o Instituto Locomotiva – dois levantamentos foram realizados para a empresa em 2021, um presencial, envolvendo mais de 2.600 entregadores entrevistados em seis capitais
E um segundo questionário, só que online, com margem de erro de 2,5%, disparado pelo próprio iFood para sua base de dados e com mais de 1.400 participantes.
A Agência Pública fez uma reportagem que chamou a atenção para estes 49% de entregadores, que motivou o depoimento na CPI dos Aplicativos.
O iFood teve acesso aos dados já em 2021
Sem contrato com o iFood atualmente, o Instituto Locomotiva trouxe os dados retirados da pesquisa feita em 2021.
Segundo Meirelles:
“Eu afirmo, sem absolutamente nenhum medo de errar, que o iFood, em 2021, teve acesso a essa pesquisa. E com consciência dos resultados feitos numa pesquisa on-line de autopreenchimento em que se perguntava diretamente qual era o tempo de trabalho, se era ou não renda principal”.
Meirelles ainda informou que o contrato com o iFood tem cláusulas de confidencialidade e por conta disso ele se comprometeu a enviar o relatório completo em sigilo.
Os vereadores que fazem parte da CPI dos Aplicativos poderão ter acesso ao estudo, bem como informações e questionários aplicados com os entregadores, para poderem analisar.
Adilson Amadeu (UNIÃO), vereador presidente da CPI dos Aplicativos diz:
“Os dados que estão chegando, e são sigilosos, serão confrontados para analisar tudo isso: a carga de trabalho, o horário de trabalho, a remuneração, os acidentes”.
Logo após análises, o iFood poderá ser chamado para depoimento.
Com informação: Câmara Legislativa de São Paulo
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