O Telegram no Brasil continua causando polêmica. O programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma matéria exclusiva expondo grupos criminosos em rede social. A aplicativo, instalado em mais de 1 bilhão de celulares, é alvo de diversas denúncias, desde fake news, até pornografia infantil e discurso neonazista.
Pesquisando grupos dentro do aplicativo, a reportagem encontrou de tudo um pouco: dinheiro falso, venda de armas, tráfico de drogas, vendas de certificado de vacinação, entre outros. Tudo em poucos cliques, na rede livre da internet.
Telegram: Liberdade de expressão perigosa?
O Telegram já é alvo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde que não manifestou a decisão de apoiar o controle de fakes news e redirecionar usuários para os sites oficiais em busca do fato real.
Twitter, Facebook e WhatsApp concordaram com a decisão sem problemas, mas parece que o aplicativo que atrai tantos seguidores não cansa de causar polêmicas.
O aplicativo foi desenvolvido pelo russo Pavel Durov, em 2013, com a missão de proteger a liberdade e privacidade do usuário que utilizassem-no para troca de mensagens. Mas, com a criação de canais com milhares de pessoas, o aplicativo passou de um mensageiro para uma rede social com grupos sobre diversos temas.
Ativistas consideram o aplicativo um ambiente seguro devido a liberdade, anonimato e privacidade pregado por eles. Uma prova disso é como usuários pró-democracia fizeram uso para trocar informações em Hong Kong sem serem perseguidos. O mesmo ocorre agora durante a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky utiliza seu canal para divulgar discursos, informações sobre ataques e moradores podem trocar informações de forma segura, enquanto os russos o utilizam contra a censura imposta no país a diversos meios de publicação como Twitter e Instagram.
Mas, com um ambiente seguro e anônimo, muitos o viram como meio de divulgação de crimes. O Fantástico monitorou grupos sobre:
- Estelionato;
- Propaganda neonazista;
- Pornografia infantil;
- Venda de armas sem registro;
- Venda de drogas;
- Venda de notas de dinheiro falsas;
- Falsificação de documentos;
- Falsificação do certificado de vacinação contra a Covid-19.
Até “professores de crimes” estão nos grupos, oferecendo aulas de como fraudar e utilizar banco de informações pessoais de brasileiros para aplicar golpes, com as tradicionais ligações de resgate por sequestro, entre outras, e quem ensina o golpe, tem orgulho da “profissão”.
“Quem dá golpe acorda cedo, malandro. Quem dorme muito, fica liso, tá duro. Bota isso na sua cabeça”, diz “Professor de Estelionato” em mensagem de áudio na rede social.
Preocupação com fake news nas eleições
Enquanto isso, o Ministério Público já possuí mais de 6 mil páginas de um inquérito aberto contra o aplicativo em 2021, devido a preocupação de quanto ele pode afetar as eleições de 2022.
O TSE, na semana passada, mais uma vez tentou contato com o Telegram e não obteve resposta. Tanto que Luiz Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo, disse ao Fantástico que espera poder dialogar com a empresa sobre fake news.
“O voto é a expressão livre e consciente da vontade do eleitor. É necessário que seja assim, é necessário que o consentimento do eleitor não seja capturado de forma criminosa, por meio da deturpação de fatos e circunstâncias que levem precisamente a essa pirataria que se dá num mundo sem leis”, declarou o magistrado. “O Brasil tem regras sobre isso. Tive com o pronunciamento do próprio Congresso Nacional e a Justiça Eleitoral estará atenta, eis que disseminar fato que sabe inverídico é nos termos da legislação eleitoral um delito”.
Para garantir uma eleição segura, mais de 80 aplicativos e sites aceitaram a proposta do TSE em combater as fake Nnws, redirecionar aos sites do governo e remover anúncios que envolvem eleições.
O Telegram, para surpresa de ninguém, foi o único a não se manifestar sobre tais medidas.
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