WhatsApp diz não a intervenções de governos; app da Meta garante segurança a qualquer custo
WhatsApp não irá ceder! Mesmo que governos peçam por quebra de segurança criptografada, a resposta ainda é não.
WhatsApp não irá diminuir a segurança da plataforma por conta de governos, diz chefe da empresa.
Will Cathcart, chefe do WhatsApp, disse em entrevista à BBC que seria “muito tolo” caso aceitasse um pedido de algum governo para enfraquecer a criptografia da plataforma.
Isso porque o plano de alguns governos (o britânico em específico) para detectar imagens de abuso sexual infantil, incluem uma possível varredura de imagens de mensagens privadas.
O Conselho Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC, em inglês) criticou a posição da plataforma, afirmando que as mensagens diretas são “a linha de frente” do abuso sexual infantil.
O governo britânico diz ser um dever das plataformas de tecnologia combater o material de abuso infantil online.
As propostas fazem parte da Online Safety Bill, feita pelo parlamento do Reino Unido.
Um porta-voz do governo disse: “Eles não devem ignorar o risco claro de que a criptografia de ponta a ponta possa cegá-los a esse conteúdo e dificultar os esforços para capturar os criminosos”.
O governo espera que o setor de tecnologia reconsidere e pediu: “Continuamos trabalhando com o setor de tecnologia para apoiar o desenvolvimento de maneiras inovadoras que protegem a segurança pública sem comprometer a privacidade”.
Sem criptografia, o perigo aumenta para usuários
A criptografia de ponta a ponta oferecida pelo WhatsApp é um das mais seguras no quesito, pois apenas o destinatário pretendido detém a chave para descriptografar a mensagem, o que é essencial para a comunicação privada.
Isso quer dizer que apenas o remetente e o destinatário podem ler as mensagens – nem as autoridades policiais ou empresas de tecnologia têm acesso.
O dilema do governo do Reino Unido é a promessa de apoiar o desenvolvimento de tecnologias e ferramentas para detectar imagens ilegais dentro ou ao redor de um ambiente criptografado, mas que respeitem a privacidade individual.
Entretanto, isso coloca em cheque o que sabem sobre privacidade, pois fazer uma varredura das mensagens já iria interferir em como a tecnologia de criptografia funciona.
Questão de princípios e negócios para WhatsApp
Além disso, Will Cathcart afirma que o WhatsApp é uma empresa global, por isso deve manter os padrões.
“Se tivéssemos que diminuir a segurança para o mundo, para acomodar o requisito em um país, seria muito tolo aceitarmos, tornando nosso produto menos desejável para 98% de nossos usuários por causa dos requisitos de 2%”.
Em comunicado feito pela União Europeia, as empresas de tecnologia devem “detectar, denunciar, bloquear e remover” imagens de abuso sexual infantil de suas plataformas.
Porém, Cathcart foi incisivo na colocação: “O que está sendo proposto é que nós – direta ou indiretamente por meio de software – leiamos as mensagens de todos. Eu não penso que as pessoas querem isso.”
O debate entre privacidade e segurança continua acirrado e, normalmente, após decisões e controvérsias, os parâmetros acabam influenciando como nós brasileiros teremos acesso aos aplicativos.
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